Passarinhada no Caminho do Itupava
Neste sábado, dia 13 de Julho, guiei o amigo Renato Rocha numa passarinhada pelo Parque Estadual do Marumbi (Caminho do Itupava).
Seguimos de taxi da cidade até a entrada do parque. Apenas uma rápida parada no caminho onde Renato registrou um casal de marias-faceira (Syrigma sibilatrix).
Começamos a subida do histórico Caminho do Itupava já por volta das 9h00 da manhã. Gralhas-azuis (Cyanocorax caeruleus), teque-teque (Todirostrum poliocephalum), guaxes (Cacicus haemorrhous) e bico-chato-de-orelha-preta (Tolmomyias sulphurescens) podiam ser ouvidos logo no início da caminhada.
Pouco adiante encontramos a choquinha-de-garganta-pintada (Myrmotherula gularis). Espécie muito inquieta e difícil de fotografar. Endêmica da Mata Atlântica, está presente do sul da Bahia à Santa Catarina.
No mesmo local podíamos ouvir muitas outras espécies. Saíras e sanhaçus na copa das árvores e pula-pula na parte baixa.
Não-pode-parar (Phylloscartes paulista) e abre-asa-de-cabeça-cinza (Mionectes rufiventris) desceram a meia altura mas só consegui registrar o segundo.
Em seguida escutamos a vocalização de tiririzinho-do-mato (Hemitriccus orbitatus). Também endêmica da Mata Atlântica das regiões sul e sudeste do Brasil.
Com o auxílio do playback conseguimos alguns bons registros da espécie.
Miudinho (Myiornis auricularis) foi visto no mesmo local e ouvido em vários pontos do percurso.
Enquanto isso dois surucuás-grande-de-barriga-amarela (Trogon viridis) aparentemente se desentendiam quanto alguma questão e voavam em perseguição ali perto.
Uma fêmea pousou perto o bastante para um registro.
Depois que perdermos o registro do beija-flor – rabo-branco-de-garganta-rajada (Phaethornis eurynome), seguimos montanha acima. Logo a frente gravei uma vocalização que eu não conhecia e tocando de volta a gravação descobri tratar-se de uma fêmea de trovoada (Drymophila ferruginea).
Um bando misto de saíras e sanhaçus passou por nós na copa das árvores. Entre eles alguns sanhaçus-pardo (Orchesticus abeillei) que não deram chance para registro.
Ainda registramos o barbudo-rajado (Malacoptila striata) que tem aparecido com frequência nas saídas de observação.
Pouco adiante uma grande movimentação na mata junto à trilha
nos chamou a atenção. Um grupo de formigas de correição atraiu vários tiês-de-topete (Lanio melanops) e papa-taocas-do-sul (Pyriglena leucoptera).
O que mais impressiona em papa-taoca-do-sul é a cor dos olhos. Algumas fêmeas se expuseram bastante e em boa luz, mas os machos permaneceram na penumbra da floresta.
Enquanto registrávamos estas espécies um tangarazinho (Ilicura militaris) apareceu numa pequena árvore para se alimentar de seus frutos.
Ainda no mesmo ponto do caminho, enquanto tentava um melhor registro do macho de papa-taoca-do-sul, enxerguei junto ao solo no meio da mata, distante uns 20 metros entre a vegetação, o que pensei ser um galho caído e com formato de gavião.
Usei a filmadora para aproximar a imagem e ver melhor. No mínimo eu registraria um galho com forma de gavião… mas no fim tratava-se mesmo de uma ave, só errei a família. Era um falção-caburé (Micrastur ruficollis) – [Obrigado Serpa pela ajuda com a ID!] – Um primeiro (e péssimo) registro fotográfico da espécie no município.
Uma linda fêmea de matracão (Batara cinerea) também apareceu por ali. Mas insistiu em ficar no alto das árvores em meio as folhagens impossibilitando qualquer registro.
Também apareceu o surucuá-variado (Trogon surrucura) que aqui na região se apresenta com a barriga vermelha – subespécie – Trogon surrucura surrucura. O tangará (Chiroxiphia caudata) foi ouvido em todo o percurso e um macho vocalizou atrás de alguns galhos, próximo o bastante para uma boa visualização.
Saímos do ponto onde as formigas atraiam as aves e poucos metros a frente vimos uma juriti-pupu (Leptotila verreauxi) no meio da trilha. Mais alguns metros, e como nem só de aves se faz uma floresta, um grupo de macacos-prego (Sapajus nigritus) apareceu entre as árvores.
Sapajus nigritus ocorre no nordeste da Argentina (província de Misiones) e no
sudeste do Brasil, desde o sul do rio Doce e rio Grande até o norte do Rio Grande do Sul, sendo típico da Mata Atlântica do sudeste brasileiro é o macaco-prego com a ocorrência mais ao sul que se conhece. Ocorre em um grande número de habitats florestais, desde florestas de galeria até florestas sub-montana e montana. É adaptável e sobrevive em áreas de floresta secundária.
Os machos têm entre 42 e 56 cm de comprimento, e as fêmeas entre 42 e 48 cm, com a cauda medindo até 56 cm. O peso varia entre 2,6 e 4,8 kg.
Alimentam-se de frutos, folhas e até de alimentos de origem animal. A dieta muda de acordo com o ambiente que ocorre e a estação do ano. Vivem em grupos de 8 a 35 indivíduos, em áreas de 81 a 293 hectares. (fonte: wikipédia).
Seguimos caminho até passar da Estação Eng. Lange e junto ao trilho de trem encontramos outro grupo misto de saíras e sanhaçus.
Entre saíras-sete-cores (Tangara seledon), sanhaçus-cinzento (Tangara sayaca), saíras-ferrugem (Hemithraupis ruficapilla) e tiês-galo (Lanio cristatus), vimos um sanhaçu-frade (Stephanophorus diadematus) e um pitiguari (Cyclarhis gujanensis). Apesar da baixa qualidade das imagens são duas novas espécies com registro fotográfico para o município.
Limpa-folha-ocráceo (Philydor lichtensteini) fez uma breve aparição no mesmo local.
O tempo passa muito rápido quando estamos nos divertindo e quando notamos já passava do meio da tarde e precisávamos retornar. Não pudemos parar muito na volta, pois tínhamos horário marcado com nossa carona.
Ainda vimos um grupo misto de tucanos-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus) e Tucanos-de-bico-preto (Ramphastos vitellinus) e ouvimos o patinho (Platyrinchus mystaceus).
Muitas outras espécies foram vistas e/ou ouvidas no percurso, mas 1 ou 2 dias nunca serão o suficiente para registrar todas. Essa trilha será um dos hotspots da primavera. Mas faremos de cima pra baixo pra não cansar muito!
Fiz uma rápida seleção de imagens de algumas aves que vimos. Escolha a resolução 1080 nas configurações do player abaixo e assista ao vídeo.
No próximo fim de semana será a 5ª Jornada Ornithos de Observação de Aves. Aproveite para participar!
Luciano Breves
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